Cap #4 - Impacto social e cultural do café no Brasil e no mundo

Aug 02, 2024Por Felipe Nacarato. Olá, sou estudante de engenharia agronómica pelo IFSULDEMINAS. Gosto de café e pretendo seguir no ramo. Tenho a intenção com esses artigos de vos trazer conhecimento sobre a cultura do café. Obrigado e aproveitem a jornada.
Felipe Nacarato. Olá, sou estudante de engenharia agronómica pelo IFSULDEMINAS. Gosto de café e pretendo seguir no ramo. Tenho a intenção com esses artigos de vos trazer conhecimento sobre a cultura do café. Obrigado e aproveitem a jornada.

A cafeicultura no Brasil gerou um crescimento econômico de notória relevância ao longo de sua história e possibilitou ao país destacar-se como maior produtor de café do mundo. No entanto, verifica-se que muitos impactos socioambientais foram desencadeados durante esse processo.

Entre os principais impactos estão o alto índice de desmatamento da Mata Atlântica e do Cerrado para implantação dos monocultivos de café, a perda da biodiversidade faunística e florística, a contaminação e degradação dos recursos hídricos pelo constante uso dos agroquímicos e destruição das matas ciliares, intoxicações e mortes de trabalhadores ocasionadas pelos agrotóxicos. Além de causar o empobrecimento do solo e desequilíbrio ambiental acompanhado do surgimento de pragas e doenças que ocasionam severos danos às lavouras.

O estudo de caso da região de Machado/MG explicita bem o quanto a expansão territorial da cafeicultura promoveu a devastação de áreas de floresta, colaborando significativamente com a diminuição de áreas de alto valor biológico, uma vez que tinha predomínio de Mata Atlântica.

Fresh Coffee. Fresh-roast coffee beans of arabica. Illustration

O sistema convencional de produção é aqui definido como aquele embasado no uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Já o sistema orgânico adota tecnologias que otimizam o uso dos recursos naturais e socioeconômicos e a minimização da dependência de energias não renováveis, além da eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana.

Considerando a crise econômica e ecológica enfrentada pela cafeicultura intensiva em agroquímicos e a diversidade de modelos de base ecológica existentes, o presente artigo tem como objetivo apresentar a trajetória da cafeicultura no Brasil, tecendo uma análise dos principais impactos causados por esta commodity, tendo como estudo de caso a cafeicultura.

O Brasil é o maior produtor mundial de café. Desde sua chegada ao país, em 1727, o café foi o maior gerador de riquezas e o produto mais importante da história nacional. Hoje, o café continua sendo um importante gerador de divisas (US$ 2 bilhões anuais, ou 26 milhões de sacas exportadas ao ano), contribuindo com mais de 2% do valor total das exportações brasileiras, e respondendo por mais de um terço da produção mundial.

Um mercado ainda em franca expansão, cujo agronegócio gera, no mundo todo, recursos da ordem de 91 bilhões de dólares ao comercializar os 115 milhões de sacas que, em média, são produzidas. A atividade envolve, ainda, meio bilhão de pessoas, da produção ao consumo final (8% da população mundial).

É nesse mercado gigantesco que estão centrados os interesses da cadeia produtiva do café brasileiro, que contribuiu com mais de 30% da produção mundial nas últimas safras, gerando mais de 8 milhões de empregos diretos e indiretos no país (é o setor do agronegócio brasileiro que mais emprega no Brasil).

O aporte tecnológico para o agronegócio café brasileiro é dado por instituições de pesquisa e desenvolvimento que hoje estão reunidas no Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café - CBP&D/Café, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, por meio de uma de suas Unidades Descentralizadas, a Embrapa Café.

red coffee beans organic 100% in hand and basket farmers at national farm chiang mai Thailand

O Consórcio foi criado em 1997, por iniciativa de dez tradicionais instituições de pesquisa cafeeira: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA,) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro - Rio), Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/SARC), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Hoje são mais de 40 instituições reunidas em um modelo pluralista, democraticamente participativo, com coordenação em nível nacional e execução descentralizada. Todo o trabalho de pesquisa é orientado para as necessidades dos clientes - cafeicultores, indústria, comércio, governo e consumidor final. Um esforço concentrado de pesquisa que vem ampliando a base da evolução do negócio café brasileiro.

O Consórcio é considerado o braço científico e tecnológico do Conselho Deliberativo da Política do Café - CDPC, um colegiado formado por todos os segmentos do agronegócio do café, que, com o Consórcio, discute e orienta a realização do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café - PNP & D Café.

É responsável pela execução do maior programa mundial de desenvolvimento do café, que compreende centenas de ações de pesquisa e transferência de tecnologia, no qual encontram-se envolvidos 1.300 pesquisadores e extensionistas atuando em todos os segmentos da cadeia produtiva cafeeira.

Referências bibliográficas:

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17987068/a-importancia-do-cafe-nosso-de-todos-os-dias