#9 São Paulo

Jun 10, 2025Por Diorge Nacarato
Diorge Nacarato

Tradição e Qualidade na Alta Mogiana e Outras Regiões

São Paulo carrega um peso histórico imenso na cafeicultura brasileira. Foi no estado, especialmente no Vale do Paraíba e depois no Oeste Paulista, que o café encontrou o terreno fértil para se tornar o "ouro negro" que dominou a economia nacional nos séculos XIX e XX.2 Embora hoje não seja o maior produtor em volume como Minas Gerais, São Paulo mantém uma posição vital, sendo particularmente reconhecido pela tradição e pela qualidade de seus cafés, majoritariamente da espécie Arábica.20

As condições naturais de diversas regiões paulistas continuam sendo extremamente favoráveis ao cultivo do Arábica de alta qualidade. A combinação de topografia que varia de ondulada a montanhosa, solos férteis (incluindo a famosa "terra roxa"), clima tropical com estações relativamente definidas e altitudes adequadas, geralmente entre 600 e 1.200 metros, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de grãos com perfis sensoriais complexos e apreciados.20

Entre as regiões produtoras paulistas, a Alta Mogiana se destaca como uma das mais famosas e tradicionais. Localizada no nordeste do estado, na divisa com Minas Gerais, a região possui uma longa história na produção de cafés finos e conquistou o reconhecimento de Indicação Geográfica na modalidade Indicação de Procedência (IP).4 Os cafés da Alta Mogiana são frequentemente caracterizados por seu corpo cremoso, acidez equilibrada, doçura acentuada e notas que remetem a chocolate e nozes.4

Além da Alta Mogiana, São Paulo possui outras áreas cafeeiras com reconhecimento geográfico, demonstrando a diversidade dentro do próprio estado. A Região de Garça, no centro-oeste paulista, também detém uma IP 4, sendo conhecida por seus cafés Arábica com bom corpo e notas de chocolate. Similarmente, a Região de Pinhal, situada em uma área montanhosa na divisa com Minas Gerais, ao sul da Alta Mogiana, possui IP e produz cafés com corpo aveludado, acidez média e notas de chocolate e frutas vermelhas.4

A existência dessas múltiplas IGs em São Paulo 4 evidencia não apenas a qualidade intrínseca dos cafés paulistas, mas também o esforço dos produtores locais em valorizar suas origens e comunicar as características únicas de seus terroirs. Cooperativas, associações e produtores individuais têm investido em tecnologia, manejo aprimorado e processamento cuidadoso para manter a reputação de São Paulo como um fornecedor de cafés especiais de excelência.

A cafeicultura paulista, portanto, representa uma combinação fascinante de história, tradição e busca contínua por qualidade. Desde os tempos dos barões do café até os modernos produtores de cafés especiais, o estado continua a desempenhar um papel crucial no cenário cafeeiro brasileiro, oferecendo ao mundo grãos que carregam a marca de seus terroirs distintos e de um legado secular.