#17 Além dos Clássicos
Outras Variedades de Arábica Relevantes.
Embora as variedades Bourbon, Mundo Novo e Catuaí formem a base histórica e ainda hoje muito relevante da cafeicultura de Arábica no Brasil 15, o universo varietal cultivado no país é consideravelmente mais amplo e diversificado. A pesquisa agronômica contínua e a busca dos produtores por adaptação regional, resistência a doenças e perfis de sabor diferenciados levaram ao desenvolvimento e à adoção de diversas outras cultivares importantes.
Entre as variedades desenvolvidas no Brasil que ganharam espaço, podemos citar o Acaiá, que é uma seleção da Mundo Novo, caracterizada por frutos maiores e maturação mais uniforme; o Obatã, resultado de cruzamentos que buscaram alta produtividade e resistência à ferrugem; e o Catucaí, um cruzamento entre Catuaí e Icatu, que também visa combinar porte baixo com resistência e boa qualidade de bebida. Essas variedades representam a evolução natural da pesquisa, buscando aprimorar características agronômicas e de qualidade a partir do material genético já existente.
Além das variedades desenvolvidas localmente, o Brasil também tem incorporado e testado cultivares de Arábica originárias de outras partes do mundo, especialmente aquelas conhecidas por seu potencial excepcional na xícara. Um exemplo notório é a variedade Geisha (ou Gesha), originária da Etiópia e famosa por seus cafés extremamente aromáticos, florais e complexos, que alcançam preços altíssimos no mercado internacional. Embora seu cultivo seja desafiador e a produtividade baixa, alguns produtores brasileiros têm obtido sucesso com o Geisha em terroirs específicos, especialmente em altas altitudes.12
Outra variedade "exótica" que encontrou nichos no Brasil é a Maragogipe.12 Conhecida por seus grãos gigantes (também chamados de "grãos elefante"), a Maragogipe é uma mutação da variedade Typica. Sua bebida pode ser muito interessante, com boa doçura e acidez, mas sua produtividade é geralmente baixa e irregular, tornando seu cultivo um desafio econômico.
A introdução e o cultivo dessas variedades diferenciadas, tanto as desenvolvidas no Brasil quanto as "importadas", refletem uma tendência crescente no setor cafeeiro nacional: a busca pela segmentação e pela agregação de valor através da diversidade genética. Produtores de cafés especiais, em particular, estão constantemente experimentando novas cultivares para encontrar aquelas que melhor se adaptam a seus microclimas e que oferecem perfis sensoriais únicos e desejados pelo mercado.
Instituições de pesquisa como a Embrapa Café 10, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Fundação Procafé 13 desempenham um papel crucial nesse processo, não apenas desenvolvendo novas cultivares, mas também avaliando o desempenho de variedades existentes em diferentes regiões e fornecendo recomendações técnicas aos produtores. Esse trabalho contínuo de pesquisa e desenvolvimento é vital para manter a competitividade e a diversidade da cafeicultura brasileira.