#13 1. Decifrando os Grãos

Arábica vs. Conilon/Robusta - As Duas Grandes Espécies do Brasil.

O universo do café cultivado comercialmente no mundo é dominado por duas espécies principais, e o Brasil, como maior produtor global, cultiva ambas em larga escala: Coffea arabica (Café Arábica) e Coffea canephora (Café Canephora).5 Dentro da espécie Canephora, as variedades mais conhecidas e cultivadas no Brasil são o Conilon e o Robusta, que, embora botanicamente da mesma espécie, podem apresentar algumas diferenças sutis em adaptação e manejo.5

O Café Arábica é a espécie predominante na produção brasileira, respondendo por cerca de 70% do volume total.5 Ele é conhecido por sua complexidade e delicadeza sensorial. Geralmente cultivado em regiões de maior altitude (acima de 600-800 metros) e clima mais ameno, o Arábica exige condições mais específicas para prosperar.5 Em troca, oferece uma bebida com maior riqueza aromática, acidez mais pronunciada e agradável, corpo variado e uma vasta gama de notas de sabor, que podem ir de frutadas e florais a achocolatadas e caramelizadas. Além disso, possui um teor de cafeína naturalmente mais baixo em comparação com o Canephora.5 Os principais estados produtores de Arábica no Brasil são Minas Gerais, São Paulo e Paraná.5

O Café Canephora (Conilon/Robusta) representa os restantes 30% da produção nacional e desempenha um papel crucial na indústria cafeeira.5 Essa espécie é mais adaptada a climas mais quentes e úmidos e altitudes mais baixas, sendo também mais resistente a pragas e doenças, o que a torna uma opção mais rústica e, em geral, de cultivo mais fácil e produtivo.5 O Conilon é a variedade de Canephora predominante no Espírito Santo, enquanto Rondônia também se destaca na produção de Robustas Amazônicos.4

Em termos de sabor, o Canephora difere significativamente do Arábica. Sua bebida é caracterizada por um sabor mais intenso, frequentemente descrito como achocolatado, amadeirado ou de borracha, com um amargor mais pronunciado e menor acidez.5 Possui um corpo mais pesado e uma concentração de cafeína consideravelmente maior (quase o dobro) que o Arábica.5 Essas características tornam o Conilon/Robusta muito valorizado para a composição de blends (misturas) de café torrado e moído, especialmente para espresso, onde contribui com corpo e crema, e também como matéria-prima principal para a indústria de café solúvel.5

A coexistência dessas duas espécies no Brasil é um fator chave para a diversidade e a competitividade do país no mercado global. Enquanto o Arábica atende à crescente demanda por cafés especiais e de alta qualidade sensorial, o Canephora garante volume, robustez e matéria-prima essencial para diversos segmentos da indústria.

Entender as diferenças fundamentais entre Arábica e Conilon/Robusta – em termos de cultivo, características do grão e perfil sensorial – é o primeiro passo para decifrar a complexidade do café brasileiro e apreciar a contribuição única de cada espécie para a riqueza cafeeira nacional.