#11 Outras Origens Notáveis

Jun 17, 2025Por Diorge Nacarato
Diorge Nacarato

Paraná, Rondônia e Rio de Janeiro

Embora Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia concentrem grande parte da produção e da fama do café brasileiro, a diversidade cafeeira do país se estende a outras regiões igualmente importantes e com características singulares. Paraná, Rondônia e Rio de Janeiro são exemplos de estados que, apesar de volumes de produção talvez menores que os líderes, contribuem significativamente para o mosaico de sabores e histórias do café nacional.4

O Paraná tem uma história rica e, por vezes, dramática na cafeicultura. Já foi um dos maiores produtores do Brasil, mas geadas severas, especialmente a "geada negra" de 1975, dizimaram grande parte das lavouras e levaram a uma reconfiguração da agricultura no estado. No entanto, a cafeicultura paranaense resistiu e se reinventou, focando em qualidade e em áreas com menor risco climático. A região do Norte Pioneiro do Paraná detém uma Indicação de Procedência (IP) 4, reconhecendo sua tradição e a qualidade de seus cafés Arábica, frequentemente caracterizados pela doçura elevada, corpo médio e notas de caramelo.4

Rondônia, no coração da Amazônia, oferece um contraste fascinante. O estado é um importante produtor de café da espécie Coffea canephora, especificamente as variedades conhecidas como Robusta Amazônicos. Adaptados ao clima quente e úmido da região, esses cafés têm ganhado destaque pela qualidade e pelo perfil sensorial único. A região das Matas de Rondônia conquistou a Denominação de Origem (DO) 4, a primeira DO do Brasil para cafés Canephora. Seus cafés são conhecidos pelo corpo acentuado, baixa acidez e notas intensas que podem remeter a chocolate e especiarias 4, oferecendo uma expressão autêntica do terroir amazônico.

O Rio de Janeiro, berço da expansão cafeeira no século XIX 2, também mantém sua tradição cafeeira, embora em menor escala. Regiões serranas do estado, com altitudes e clima favoráveis, continuam a produzir cafés Arábica de qualidade. Embora talvez menos presentes no mercado de exportação de grandes volumes, os cafés fluminenses encontram nichos no mercado local e de cafés especiais, valorizando a história e as características particulares de seu terroir. O estado possui três regiões produtoras catalogadas pela BSCA 4, indicando um potencial para maior reconhecimento.

Além desses três estados, outras áreas em Goiás, Mato Grosso e até mesmo no Nordeste (como Pernambuco) possuem produção cafeeira, cada uma com suas particularidades e desafios. Essa dispersão geográfica demonstra a incrível adaptabilidade do cafeeiro e a capilaridade da cultura no Brasil.

Reconhecer a contribuição dessas "outras origens" é fundamental para ter uma visão completa da cafeicultura brasileira. Elas não apenas adicionam diversidade ao portfólio de sabores nacionais, mas também representam histórias de resiliência (Paraná), adaptação a biomas únicos (Rondônia) e preservação de tradições (Rio de Janeiro), enriquecendo ainda mais o patrimônio cafeeiro do país.