#10 Bahia

Diorge Nacarato
Jun 13, 2025Por Diorge Nacarato

O Café que Vem do Oeste e da Chapada.

A Bahia, embora talvez não seja o primeiro estado que vem à mente quando se pensa em café no Brasil, emergiu nas últimas décadas como um polo dinâmico e importante na produção de cafés de alta qualidade, ganhando reconhecimento crescente tanto no mercado interno quanto no internacional.20 A cafeicultura baiana se destaca pela modernidade, pelo uso de tecnologia e pela exploração de terroirs com características muito particulares.

A geografia diversificada do estado oferece condições variadas para o cultivo. No Oeste da Bahia, uma região de planalto com topografia mais plana, a cafeicultura se desenvolveu em larga escala, utilizando tecnologias avançadas de irrigação (pivôs centrais) e manejo.20 Essa abordagem permite alta produtividade e maior controle sobre o processo produtivo. A região Oeste da Bahia conquistou a Indicação Geográfica (IP) 4, e seus cafés Arábica são frequentemente caracterizados por uma acidez cítrica, corpo médio e notas de frutas amarelas.4

Em contraste com o Oeste, a região da Chapada Diamantina apresenta um cenário diferente. Com altitudes mais elevadas e um relevo montanhoso, a Chapada oferece um terroir promissor para a produção de cafés especiais com perfis sensoriais complexos e distintos. Embora ainda não possua uma IG formalmente registrada para café (mas sim para outros produtos), a Chapada Diamantina tem atraído atenção pela qualidade de seus grãos, muitas vezes cultivados por pequenos produtores em sistemas mais tradicionais ou orgânicos.

O clima na Bahia também contribui para a singularidade de seus cafés. Predominantemente tropical, mas com variações significativas entre as regiões, e com regimes de chuva que podem ser bem distribuídos (especialmente com o auxílio da irrigação no Oeste), o clima permite um desenvolvimento adequado dos frutos.20 Os solos variam de argilosos a arenosos, mas geralmente são ricos em nutrientes, complementando as condições favoráveis ao cultivo.20

O crescimento da cafeicultura de qualidade na Bahia é resultado de investimentos em pesquisa, tecnologia e boas práticas agrícolas. Produtores e cooperativas têm trabalhado para aprimorar o manejo, experimentar diferentes variedades e aperfeiçoar os métodos de processamento pós-colheita, buscando extrair o máximo potencial de seus terroirs.

A Bahia representa, assim, uma fronteira dinâmica na cafeicultura brasileira. Combinando a produção tecnificada em larga escala do Oeste com o potencial para cafés de nicho e alta complexidade da Chapada Diamantina e outras áreas serranas, o estado demonstra a capacidade de inovação e adaptação do setor cafeeiro nacional. Explorar os cafés baianos é descobrir sabores que refletem a energia e a diversidade dessa região única.